Dói-me ser a flor do cardo Não ter a mão de ninguém; Tenho a estranha natureza De florir com a tristeza E com ela me dar bem Dói-me o Tejo, dói-me a lua Dói-me a luz dessa aguarela Tudo o que foi criação Se transforma em solidão Visto da minha janela
O tempo não me diz nada Já nada em mim se consome Não sou princípio nem fim Já nada chama por mim Até me dói o meu nome Dói-me ser a flor do cardo Não ter a mão de ninguém Hei-de ser cravo encarnado Que vive em pé separado E acaba na mão de alguém